Eu já senti isso antes, muito tempo atras. Acordei de noite. Enquanto dormia junto com meus pais. Levantei e fui no banheiro. E chorei. Chorei. Porque aquela hora eu sabia que aquilo ia desaparecer. Que aquilo ia, um dia, me deixar. E eu tinha medo. Medo de que tudo isso fosse em vão. Eu pedi, eu rezei, eu implorei pra nao deixar isso sumir. E tenho medo de que de todas as minhas promessas, de todas as minhas "eu sacrificaria qualquer coisa, eu daria tudo", agora eu começe a pagar o preço pelos meus abusos.
Talvez seja simplesmente um medo de ter que carregar a responsabilidade. De pedir. De ganhar. Novamente venho com meu medo do que é ganho e o que é pago. Eu não quero perder nada. Eu não quero que as cosias se vão. Noamente aquele sentimento do passado me retoma. Não mais forte, nem mais fraco. Mas ainda assim, enublado. Por uma duvida continuosa. Que martela. Sobre a incontinuidade. Sobre possibilidades. Sobre o valor das coisas. Sobre o fazer alguma coisa.
Tarde. Tarde. Tarde de mais. Não quero perder isso. Isso. Sempre me apavorou. "Tarde demais" esse termo me assusta. Me assombra. Me sentencia às trevas. Meu medo insano pelo fim das coisas me leva a me apressar. A me desesperar. A correr. Sempre foi assim, talvez sempre será.
Mas porque? Porque essas coisas surgem na minha mente. Eu não sei o que evoca elas. Gostaria de poder me livrar disso tudo. Desse medo. Desses sentimentos. Mas eu sinto um paradoxo muito grande. Como se meus sentimentos estivessem trancados a muito tempo. E agora, nesses ultimos anos eles estão aflorando. Eles estão voltando. Eles estao se libertando. Eu sinto meu coração acelerar, bater mais forte. Eu sinto determinadas verdades me assombrarem. Eu sinto certos medos, certas vontades. As vezes me ponho a chorar. As vezes rio a toa sobre qualquer simples gesto. E isso é incomum? Deveria parecer tão sobrenatural? Porque meu mundo parece tão estranho e diferente do que é pra ser. E o que estou me tornando nisso tudo? Minhas perguntas parecem escavar fundo na minha alma. Como se as respostas prontas que os outros parecem ter dentro de si, estivessem escondidas lah no fundo. E eu continuo escavando, escavando escavando. Procurando alguma coisa que diga: "Hey, voce é o Sérgio". Procurando alguma certeza, e não um mar de fugas e de duvidas da irrealidade, subjetividade. O medo do outro me assombra, o mundo surreal partindo-se. Isso me da medo. Isso me faz tremer e chorar muitas vezes.
Mas mais ainda, eu não quero que tudo isso se vá. Não porque seja algo completamente necessário. Mas algo que é tão comum que faz falta. Que é parte de mim. Que minha vida tem um lugar especial pra isso. E eu não quero que isso suma. Não saberia o que fazer. Não. Não sei o que dizer. Eu sinto um elo mto forte, com eles. São parte de mim. E porque parece que está desaparecendo?
Toda nossa vida se esvai pouco a pouco. É a lei da natureza não?
Então porque eu quero fugir disso tudo. Porque a hora certa nunca parece certa.
Porque essas coisas somem, sem avisar, sem voce perceber, de repente.
Tudo te deixa. Tudo te engole e voce não pode fazer nada.
Impotente.
Voce tem que fazer alguma coisa antes que seja tarde de mais
Eis do soldado o Bordão
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