domingo, 27 de novembro de 2016
Ácido
O gosto desce queimando em minha garganta. Não me sinto bem. Focalizo toda minha aflição. Um grito de desespero ecoa pelos corredores dentro de mim. De repente me vejo só, num mundo frio. Os corações que passam ao redor, parecem pedras, afiadas, que te cortam sem querer (as vezes mesmo por querer). Tento me moldar, tento deixar as coisas fluirem a contento. Não subo a correnteza, tendo me deixar levar. Mas o gosto. Continua. O medo de um futuro que parece ser só isso. 24 anos de sonho, de aspiração. O desejo bate mais forte dentro de mim. Um amor, uma vida a dois, me encontrar no outro. Mas que outro? Não acho outro. Tudo que acho está petrificado, preso num espelho sem reflexo. Um espelho que agora parece trincado e que não importa o que tu faça, só consegues olhar aquela falha na imagem vazia. Não me reconheço. Não reconheço ninguem. Estou ficando louco? Onde estão aquelas velhas certeza, aquele murmuro que diz que vai ficar tudo bem? Uma descrença enorme me acomete. Sinto o mundo cair nas minhas costas. E eu sou esmagado, sem força, sem tempo pra respirar, tragando cada vez mais desse liquido. Não me faz bem. Mas não existe outra opção. Não nesse mundo. Não nesse caos. Não nesse circulo do inferno. Só quero panaceia.
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