terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Um sentimento me consome. Um pavor bucólico. Uma angústia. Me devora por dentro. Um sentimento como estar a beira de um precipício. E o precipício me convidando à pular. Uma angustia que eu necessito de algo mais. Dor. Qualquer coisa física. Qualquer sumidouro que escape, que flua, essa angustia. Esse amor sangrento. Essa paixão frívola e inexorável. Eu preciso de menos. Menos ar. Menos batimentos. Eu não sei. O sentimento aparece e piora e me desilude. A certeza. Os becos sem saídas. Esse andar, descaminhar, perdidamente pelo escuro, sem uma vela sequer. Os barulhos, a tentação, o movimento. Eu quero parar. parar. achar algum lugar seguro. Um lugar seguro. Só isso. Um lugar, em que eu possa me sentar, me despreocupar. Um momento em que eu saiba que tudo está certo. Tudo está em paz. Que posso pensar em nada por 5 minutos. Ou 10. Ou uma vida inteira.
Quero o marasmo do mar. O vento do outro lado do mundo. O café amargo de manhã cedo. O álcool noturno. As cartas de viagem. As lembranças guardadas dentro de um baú. Perdidas, para nunca serem encontradas.
Quero deixar esse mundo para trás. Sumir. Me reencontrar.
Abandonar essas tentativas fracassadas de ser feliz pela metade. De querer e ter medo.
To cansado de ter medo. De ser parado.
De não bater na porta quando o desejo é arromba-la.
Quero que o mundo exploda, e quero que meu mundo seja você.
Perigo, perigo, perigo.
Palavras de mais.
Jogadas aos quatro cantos.

Mas só palavras.
Nunca ações.
Nunca gestos.
Nunca real.

Palavras, nunca faladas. Sempre escritas.
A irrealidade fugaz.
O sonho se esvaindo pelo amanhecer do dia.

A lua vermelha no céu, tão escura quanto esse vinho de segunda mão.
Só não mais doce que minha vida e meu amor, e meu sangue.
Que jaz esparramado no chão.
Ou seria vinho?

Que sei eu?

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Un, Deux ...

Faz um bom tempo que não escrevo aqui. Gostaria de dizer que foi por falta de tempo, mas tempo foi algo que sobrou, e muito, durante os últimos meses. Se teve algo que preencheu meus dias, foi o tédio.
Porém um bom tempo sozinho as vezes é bom. Sem nada à fazer. Sem nenhuma preocupação. Bom, bom bom. Ainda mais com a agitação que aconteceram nos últimos meses de 2012. Começar o ano relaxando e recobrando a paz de espírito é algo que, meio que forçadamente, acabou sendo bom. Diferente dos outros anos em que o tédio me consumia vivo e minhas ansiedades me dominavam, enquanto eu acabava por cometer erros estúpidos e decisões erradas. Essas foram férias simples, e na feliz simplicidade cotidiana. O tédio não se  tornou um estorvo como antigamente. Torna-se quase um tédio merecido.
Sinceramente, relembrando agora meus finais de ano desde 2007, sinto que não tive uma férias sequer em que eu não estivesse relativamente depressivo e melancólico. Acho que estou melhorando bastante nessa questão.
A euforia passa devagar. Com o fechar dos olhos e a correnteza de pensamentos fluindo e dando espaço a calma e a paz. As vezes parece tão simples, e nem parece real. Me sinto um espantalho quando penso assim.
Quer dizer, ainda é um longo caminho. Não sinto como se estivesse perto de conseguir algo. Porém sinto que estou bastante longe de onde um dia eu já estive. Isso é um pouco triste, mas ainda assim um motivo para se sentir bem. Como todos sinto vontades imensas de de repente conseguir retomar e apagar certos erros do passado. Antigamente gostava de estufar o peito e gritar que não tinha arrependimentos. Porém hoje em dia sinto que era minha maneira de fugir das consequências dos meus próprios atos.
Como uma vez um amigo disse "Até seu jeito de estar errado, você faz parecer certo".
Mais e mais coisas na lista do que é esse ser chamado Sérgio.
Também estou tentando descobrir pouco a pouco.
As vezes parece inefável, mas eu sei que é só meu drama sendo drama.
Quero entender. Até que ponto estou certo.
Minhas certezas mais e mais parecem estar certas só na minha mente.
As duvidas me obscurecem a razão.
E por mais preocupado que eu esteja, no mais estou feliz.
Cotidianamente feliz.
Esperando aquele bilhete premiado da loteria.
A profecia duradoura.
A tempestade.