sábado, 16 de março de 2013

"Mas seu coração vivia em constante, turbulenta, agitação. Os conceitos mais fantásticos e grotescos perseguiam-no, à noite, em seu leito. Um universo de inefável pomposidade desenrolava-se em seu cérebro, enquanto ouvia o tique-taque do relógio sobre o lavatório e a lua inundava, com sua única claridade, as suas roupas, amontoadas no chão. Cada noite ele acrescentava algo às suas fantasias, até que a sonolência descia sobre alguma cena vívida com o seu manto do esquecimento. Durante algum tempo, esses devaneios proporcionavam uma válvula de escape à sua imaginação; eram uma sugestão satisfatória da irrealidade da realidade, uma promessa de que o rochedo do mundo se apoiava com segurança sobre uma asa encantada"

O Grande Gatsby - F. Scott Fitzgerald

sexta-feira, 8 de março de 2013

"Seus olhos cinzentos, um tanto contraídos, fitavam o caminho, mas ela havia, deliberadamente, modificado o caráter de nossas relações - e, por um momento, julguei que a amava. Mas sou um sujeito de raciocínio lento e cheio de regras interiores que agem como freios sobre os meus desejos - e eu sabia que primeiro teria de desembaraçar-me completamente, quando voltasse para casa, da complicação em que me achava. Eu vinha escrevendo uma vez por semana, cartas que terminavam assim: "Com amor, Nick" - e só o que eu conseguia pensar era no leve bigode de transpiração que aparecia sobre o lábio superior de uma certa garota, quando ela jogava tênis. Não obstante, havia entre nós um vago entendimento, que precisaria ser rompido com tato, antes que eu pudesse sentir-me livre.
Cada um de nós desconfia que possui pelo menos uma das virtudes cardinais - e a minha era esta: sou uma das poucas criaturas honestas que jamais conheci."

O grande Gatsby - F. Scott Fitzgerald