segunda-feira, 25 de julho de 2016

Estiagem

Há dias que não chove. E ainda assim me sinto completamente encharcado. Segui todos os caminhos possiveis. Todas as direções dos que me guiaram. Por um tempo me senti bem. Olhava com esperança para o futuro. Mas o tempo fecha. O sol de repente some. Mas nunca chove. A falta da chuva parece quase inotável. Muitos comemoram, muitos ficam receosos. Eu só me sinto só. Me sinto só porque chove sem parar dentro de mim. Uma tempestade que fingi não notar, que ouvia somente os trovejares por traz de tudo que eu faço. Todas as manhãs, as noites de sono mal dormidas. Os pesadelos constantes. O orgulho e o amor de tantos não entram. Os bons desejos, as boas sortes. Tudo fica de fora.
Há dias que não chove. E ainda assim me sinto sóbreo. Com um mau gosto na boca que não sai, nem com doce, nem com tabaco. As gotas de chuva parecem constantes em mim, mas olho pro céu e vejo nuvens brancas que se transfiguram em uma profecia. De repente parece certo, a solidão é o meu fim. Toda aquela luz, aquela força que eu sentia. Se perderam em alguma gaveta dentro de meu ser. E procurar me parece trabalhoso demais.
Há dias que não chove. E ainda me falta o ar. Percebo que estou me segurando há quanto tempo? Quantos dias, meses, seculos. Esse ar que me sufoca. Tento respirar, mas tudo que vem é uma massa quente que parece me matar aos poucos. Busco pelos cantos alguma ajuda, algum profeta que me diga, "há tudo de melhorar". Mas a vida segue. E não encontro nem paz, nem caes.
Há dias que não chove. E ainda me falta você

terça-feira, 12 de julho de 2016

Tempo e fé

Corre depressa e despercebido, mas quando notado parece estar sempre lá. Começa a desacelerar e aos poucos parece uma infinidade até o proximo instante. Começo a querer que o tempo corra, mas ele pesa cada vez mais em minhas costas. Quando está de bom humor, quase não noto. Quando acordou do lado errado, da um aperto no coração. A alma parece querer fugir. Um sentimento de claustrofobia temporal. Como se o tempo fosse apertado demais. Sem ar. Sufocado. Sei que tenho que esperar. Sei que aos poucos as mudanças acontecem. Que os pequenos avanços são a chave. Ter fé é o ato de abandonar o tempo. Porque para ter fé, é preciso que ela resista e persista e não se desfaça. É ousado comprar essa briga. O tempo vive a derrubar a esperança com extrema facilidade. Parece que basta um segundo errado. Um segundo nunca esquecido. Um segundo que te assombra. E a esperança perde todas as forças. Vive com medo do tempo. Do segundo que chegará e abalará toda sua fundação. Acorda e dorme todos os dias assustado, com medo de que sua fé seja abalada. A fé deve ser tão cega, que nem segundo passará a ser notado. Nem tempo. Nem eternidade. Essa esperança, pra sobreviver deve ter a coragem de ir contra o tempo. E o tempo é sagaz e não se importa de esperar. As vezes parece uma tortura. As vezes parece não valer a pena. Uma perda de tempo.
Mas o que mais posso fazer com meu tempo? Se não me afundar nessa esperança?