quarta-feira, 23 de julho de 2014

Desfiguração

O corpo cai e some em meio a nevoa.
A passagem por entre os deuses se fecha,
Seria eu honrado o suficiente?
Não. Obvio que não.
Não mereço a dadiva celestial,
O sangue dos meus antepassados
Ainda que jorrados pela terra aos quatro ventos
De nada serviu como preço
Pela punição.
Vivo sem dor, sem rumo, sem gracejo.
Sem perseverar.
Me abasteço de ilusões.
Enganos, Caminhos errados.
Me apaixono pelo que nunca será;
Vivo o que nunca vai ser.
Me deixo levar, me abstenho, dou minha opinião faço gracejo;
Só me falta a paz, a vitória, a conquista.
Coisa que nunca será minha.
Coisa que sempre estará um passo mais longe.
Fora do alcance.
Fora de vista.
Tão perto, e ao mesmo tempo desconcertantemente longe.
Não sei como ainda aguento o peso do mundo em mim mesmo.
As pessoas, me decepcionam.
Desejo a vida, à essa constante segregação
Nunca pertencer.
Nunca estar satisfeito.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

O eterno transtorno.

Escuto o som de algo se quebrando.
Não sei ao certo de onde ele vem. 
Procuro os pedaços de algo pelo escuro do meu quarto. 
Um fio de luz atravessa a cortina e me cega momentaneamente. 
Não me encontro mais em meu quarto. 
Algo se quebrou e estou num lugar estranho. 
As pessoas passam sem me reconhecer. 
Me vejo num corpo estranho, com o qual sigo perdido,
Não sei usá-lo.
Percebo que estou sangrando. 
Procuro uma ferida qualquer e não acho.
Desisto de procurar. Deixo a dor me anestesiar.
Retorno ao quarto da penumbra cinzenta.
Direciono-me à janela, mas quanto mais perto pareço estar
Mais se afasta o meu destino. 
Corro como quem houve o som de um disparo de corrida,
Não posso perder. 
Não mais. 
A luz continua inatingivel, e por um momento me falha a esperança. 
Escorrego e caio pela janela. 
Um momento de silencio,
O mundo como um eterno borrão
E o som de algo se quebrando.