terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Velho burocrata, meu camarada aqui presente, nunca houve quem te ajudasse a evadir-te, e a culpa não é tua. Edificaste a tua paz, à força de tapares com cimento, como as térmitas, todas as saídas para a luz. Rebolas-te na tua segurança burguesa, nas tuas rotinas, nos ritos asfixiantes da tua vida provinciana; ergueste essa humilde muralha contra os ventos, contra as marés, contras as estrelas. Não queres a inquietação dos grandes problemas e muito te esforçastes por esquecer sua condição de homem. Não é os habitante de um planeta errante, não te põe questões sem resposta: tu és um pequeno burguês de Toulouse. Ninguém te sacudiu pelos ombros quando era tempo ainda. Agora, a argila de que é formado secou, e endureceu, e ninguém seria capaz, de futuro, de acordar em ti o músico, ou o poeta, ou o astrônomo, que talvez te habitasse de inicio.

- Terra dos Homens - Antoine de Saint-Exupéry

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